terça-feira, 11 de outubro de 2011

ARTIGO CIENTÍFICO

Universidade do Estado da Bahia – UNEB
Departamento de Ciências humanas – DCHIII – Juazeiro/Casa Nova
CURSO/Semestre – LETRAS - 2011.3
Disciplina – Língua Portuguesa II
Professor – Roberto Remígio

AUTORAS: REIS, Antônia M. N. dos Santos
FERREIRA, Ivete Braga
SOUZA, Nadja Valéria Dias
                                                                         

A aula de gramática: um espaço de conflito


            A gramática é concebida como um manual com regras de bom uso da língua a serem seguidas por aqueles que querem se expressar adequadamente. A concepção mais comum não é a de descrição da língua, mas sim da prescrição de regras do falar bem, da correção no escrever.
            Para Márcia Mendonça a escola não tem de formar gramáticos ou linguistas descritivistas, e sim pessoas capazes de agir de modo autônomo, seguro e eficaz, tendo em vista os propósitos das múltiplas situações de interação em que estejam engajados.
            É fato que quem examina redações em concursos vestibulares e no mercado de trabalho realmente supõe que o redator seja capaz de conhecer as diversas linguagens, sabendo comunicar-se em diferentes situações conforme a exigência do contexto. Todavia, isso não acontece com alguém porque sabe todas as regras gramaticais, domina os usos linguísticos... Mas, com alguém que faz o uso abusivo dos mais variados tipos de leituras, esse indivíduo sim consequentemente tornar-se-á um ser reflexivo e consciente sobre vários fenômenos, inclusive gramaticais e textual-discursivo, ultrapassando assim os usos linguísticos, seja na leitura, produção ou reflexão.
            Segundo Bechara a linguística deu uma visão nova do fenômeno, mas que nem sempre oferece respostas às dúvidas no uso da língua escrita em sala de aula. No ensino da língua materna é necessário observar que a língua histórica (o português) não é homogênea nem unitária, mas desdobra-se em várias realidades. A escola e o professor não podem se fixar no dogmatismo de uma gramática intransigente (porque a língua é por natureza mutante) nem tampouco num populismo onde tudo se aceita. Portanto, deve haver uma integração das duas atividades em favor da educação linguística do alunado.
            Então, não deve acontecer a eliminação da gramática em sala de aula muito menos o uso exclusivo, entendemos apenas que para assegurar um uso eficiente da língua e por consequência da gramática, deve-se propiciar a reflexão sobre o funcionamento da linguagem começando pelos usos para se chegar aos resultados de sentido. A escola não pode criar no aluno à falsa ideia de que falar e ler ou escrever não têm nada haver com a gramática, ela tem obrigação de zelar pelo produto linguístico de seus alunos. Eles devem entender que têm que adequar registros e ter condições de mover-se nos diferentes padrões linguísticos, em conformidade com a situação. Falar e escrever bem é, sobretudo, ser bem sucedido na interação. Enfim, estudar a gramática não é um exercício inútil, mas refletir sobre o uso lingüístico, sobre o exercício da linguagem. Afinal, a gramática rege a produção de sentido.     

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